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CULTIVAR.

INTRODUÇÃO.

Luz, água e nutrientes, ar, meio de crescimento e calor para manufacturar alimentos são tudo o que uma planta necessita para se desenvolver. O cultivo em interior é bastante diferente do cultivo em exterior, no entanto as plantas precisam das mesmas coisas para se desenvolverem. Para que as plantas cresçam bem em interior devem ser recreadas as mesmas condições do ambiente exterior.

Na Natureza, as plantas atravessam três estados de desenvolvimento diferentes. O primeiro estado dura o primeiro mês, nesta altura a semente germina, cria um sistema de raízes, um talo e umas quantas folhas. As sementes da maior parte das plantas só necessitam de água, calor e ar para germinar, brotam sem luz numa ampla margem de temperaturas, em cerca de uma semana. No segundo estado, o de crescimento vegetativo, a planta produz uma grande quantidade de folhas e desenvolve o seu sistema de raízes, este estado pode ter uma duração variável conforme as plantas. No último estado, a floração, aparecem as flores. Se as flores femininas não forem polinizadas com pólen masculino desenvolvem-se sem sementes, se forem polinizadas forma-se sementes junto às flores femininas

AGUA E NUTRIENTES.

Os nutrientes são os elementos essenciais para a vida das plantas, o carbono, o hidrogénio e o oxigénio, são absorvidos do ar e da água. Os restantes nutrientes são absorvidos do meio de crescimento e da solução de nutrientes. Os macro nutrientes são os mais utilizados pelas plantas principalmente o nitrogénio (N), o fósforo (P) e o potássio (K), que resultam nos fertilizantes NPK. O objectivo dos fertilizantes é proporcionar às plantas as quantidades adequadas de elementos nutrientes para um crescimento vigoroso, sem criar toxicidade por excesso.

Durante a germinação e o crescimento a absorção de fósforo é alta. O estado de crescimento vegetativo requer maiores quantidades de nitrogénio para o correcto desenvolvimento das folhas. Também são bastante necessários o fósforo e o potássio. Durante o crescimento vegetativo utiliza-se um fertilizante “geral”, o de crescimento, com alta concentração de nitrogénio. Durante a etapa de floração, o nitrogénio cede lugar ao potássio, ao fósforo e ao cálcio. O uso de um fertilizante de floração com menos nitrogénio e mais potássio, fósforo e cálcio favorecerá o crescimento de grandes, densas, pesadas e resinosas flores. 

A água é o meio para o transporte de nutrientes até à planta. Esses nutrientes são absorvidos pelas raízes, mais concretamente pelos pêlos radiculares, por isso, estes devem estar protegidos, da abrasão, da secura, das flutuações térmicas e das concentrações de produtos químicos. 

A melhor água para a rega de plantas será de facto a água da chuva, por se encontrar livre de impurezas. Mas quando não chove as opções são a água da companhia, do poço, ou do garrafão, no entanto, estas águas tendem a ter níveis altos de sódio, cálcio, sais alcalinos, azoto e cloro. O cloro evapora da água se esta for deixada destapada durante três ou quatro dias, mas não acontece o mesmo com os outros sólidos em dissolução. A sua presença retarda a absorção dos nutrientes pelas raízes e pode causar uma acumulação tóxica de sais que queima os pêlos radiculares, as pontas das folhas e impede o crescimento. Para eliminar o excesso de sais tem de enxaguar as plantas com uma solução de nutrientes com o pH corrigido, uma vez por semana. O pH condiciona em muito a absorção de nutrientes, se não for o correcto pode causar grandes danos às plantas. 

O pH é uma escala que mede a proporção entre ácido e alcalino, essa escala vai de 1 a 14. O número 1 é o mais ácido, o 7 é neutral e o 14 é o mais alcalino. Cada ponto significa um aumento ou descida de dez vezes a acidez ou alcalinidade. Por exemplo, uma terra ou água com pH 5, é dez vezes mais ácida do que uma com pH 6. E uma terra ou água com pH 5 é cem vezes mais ácida do que uma com pH 7. Por este motivo é necessário medir cuidadosamente o pH, com liquido de medição ou com um medidor digital e então ajustá-lo com pH up ou pH down, conforme o caso.

Na sua maioria as plantas preferem um pH entre 6,5 e 7. Se o pH for demasiado baixo (ácido), os sais ácidos atacam quimicamente os nutrientes, e as raízes não conseguem absorvê-los. O mesmo acontece quando o pH do solo ou da água é demasiado alcalino. A acumulação tóxica de sais resulta de um pH inadequado e impede a absorção de nutrientes pelas raízes.

As raízes extraem a solução de nutrientes pelo processo de osmose. Este processo permite que nutrientes específicos dissolvidos na água entrem na planta, enquanto outros nutrientes e impurezas são excluídos, até obter a mesma concentração dos dois lados da membrana radicular. Todo este processo depende da electrocondutividade (EC) da solução. Por exemplo, se a EC é maior no exterior das raízes do que no interior, a água que se encontra no interior da membrana radicular tende a atravessar para o exterior da membrana. Em resumo, água com um alto valor de EC desidrata as plantas. 

LUZ.

Uma planta combina energia luminosa, com dióxido de carbono (CO2), água e nutrientes para formar carbohidratos e oxigénio, como resíduo. Este processo recebe o nome de fotossíntese. Sem luz as folhas tornam-se amarelas e a planta pode morrer. Com a intensidade de luz e o espectro correcto, a fotossíntese acelera e o crescimento torna-se mais rápido.

No cultivo em exterior, o Sol proporciona luz mais do que suficiente. Mas em interior torna-se necessário recorrer a iluminação artificial. Existem vários tipos de lâmpadas para cultivo interior, as mais utilizadas durante o período de crescimento vegetativo são as fluorescentes e durante a floração, as de alta pressão de sódio.

A relação entre a duração do período de luz e de obscuridade, que afecta o ciclo vital das plantas, chama-se foto período. Durante o período de crescimento vegetativo são necessárias 18 horas de luz e 6 de obscuridade. Durante o período de floração são necessárias 12 horas de luz e 12 de noite. A floração deve ser induzida aos dois meses de idade da planta. Há que ter em atenção, que uma luz mesmo que muito ténue durante o período de obscuridade inibe a formação de flores na planta.

Quanto mais perto das plantas se encontrar a fonte de luz, mais lúmens estas receberão e, por isso desenvolver-se-ão melhor. Há, no entanto, que ter cuidado para não queimar as folhas com o calor da lâmpada. Por esse motivo se desenvolvem lâmpadas refrigeradas por água e ar, sendo as refrigeradas a ar (cool tubes) as mais vulgares. São óptimas para usar durante o verão pois baixam significativamente a temperatura do indoor, além de que permitirem quase encostar a lâmpada as plantas.

Existem tabelas onde pode consultar a relação entre potência em watts e a quantidade de lumens emitida. Mas podemos adiantar que as lâmpadas de 600w são as que apresentam o resultado mais favorável na conversão de watts por lúmens. O uso de um reflector na lâmpada, aumentará a intensidade da luz em cerca de 30%. A luz reflectida embora menos intensa que a original ajuda muito no desenvolvimento das plantas.

Os cuidados básicos com as plantas em luz artificial são os mesmos que tem com plantas ao ar livre, embora seja necessário dar-lhes mais água e fertilizante extra, pois elas crescem mais depressa. 

AR.

A chave para que uma plantação de interior tenha êxito é o ar fresco. Num cultivo de interior deve-se simular todas as condições que existem nos cultivos fora de portas. O ar de exterior é abundante e está carregado de dióxido de carbono, essencial para a vida das plantas. Quando o vento sopra limpa o ar de pó e elementos contaminantes.

O oxigénio e o dióxido de carbono constituem a base da vida das plantas. O oxigénio é usado na respiração, queimando hidratos de carbono e outros alimentos para produzir energia. O dióxido de carbono é indispensável para a fotossíntese, sem ele nenhuma planta pode sobreviver. Com níveis baixos de dióxido de carbono, o crescimento começa a tornar-se cada vez mais lento, até estagnar. A circulação de ar previne também que pragas e fungos se instalem no cultivo.Para alguns cultivos uma ventoinha seria suficiente, mas para aqueles cultivos em espaços completamente fechados ter-se-ia de optar por um extractor para introduzir ar puro da rua e retirar o ar estagnado do seu interior.

MEIOS DE CULTIVO.

Existem duas formas de cultivar: cultivar com terra e cultivar sem terra.

Cultivar com terra, implica a escolha de uma terra de boa qualidade: com uma boa textura para o desenvolvimento das raízes, boa retenção de água, boa drenagem, pH estável (6) e um mínimo de nutrientes. As terras compostas vendidas pelas casas de cultivo normalmente respeitam os parâmetros de qualidade e são indicadas para cultivo em interior, pois se encontram esterilizadas garantindo que não contém pragas nem fungos. Quanto aos meios de cultivo sem terra estes podem ser de dois tipos: em substrato inerte (hidropónico) ou sem substrato (aeropónico).

Substratos inertes são meios de crescimento compostos por partículas minerais, como a areia, a verniculita, a perlita, a pedra-pomes, a argila expandida, a lã de vidro, etc. (A fibra de coco e o musgo de turfa são algumas das substancias orgânicas que podem assumir o mesmo papel dos substratos inertes, sendo por isso bastante utilizados). O facto é que o meio hidropónico inerte não contém na sua essência nenhum elemento nutriente, desta forma a absorção de nutrientes pela planta pode ser controlada totalmente e ela cresce muito mais rapidamente, pois é capaz de ingerir alimento à mesma velocidade que o utiliza. A função do substrato inerte é apoiar o sistema de raízes e conter água, oxigénio e elementos nutrientes.

Os sistemas hidropónicos que utilizam substrato inerte podem ser de dois tipos: sistemas passivos e sistemas activos.

Sistemas passivos são aqueles em que o substrato ensopa a água do reservatório que se encontra por baixo. De um modo geral, os sistemas passivos são menos eficazes que os activos, pois o meio de cultivo permanece muito molhado e os substratos saturados contém menos ar e privam as raízes de uma absorção rápida de elementos nutrientes. Os sistemas hidropónicos activos são aqueles que activamente movem a solução de nutrientes, normalmente através de uma bomba. As plantas de crescimento rápido adaptam-se melhor a sistemas activos.

Os sistemas que não utilizam qualquer tipo de substrato designam-se sistemas aeropónicos e são os sistemas que fornecem o mais alto rendimento possível. Neste tipo de sistemas as raízes encontram-se suspensas numa câmara de crescimento escura, pois as raízes devem estar sempre protegidas da luz. Dentro da câmara a humidade é de aproximadamente 100%, as raízes estão assim dotadas do máximo poder para poder absorver elementos nutrientes em presença do ar. A câmara escura está apenas cheia de raízes, ar e nutrientes. A produção é fenomenal. Mas há que ter em conta que estes sistemas representam um risco mais elevado. Qualquer falha de electricidade ou problema no sistema poderia ser o fim da plantação, pois como não existe um meio de cultivo para servir de banco de água, se a bomba pára, as raízes secam em pouco tempo e as plantas morrem. Também é necessário ter especial atenção com o controlo do pH.

Nos sistemas de cultivo sem terra deve utilizar os melhores fertilizantes do mercado. Existem fertilizantes feitos a partir de componentes de baixa qualidade e impuros que contém resíduos e sedimentos que se acumulam com facilidade e tornam necessária uma manutenção adicional.

Em geral, deve trocar a solução de nutrientes de três em três semanas, utilizar um depósito do maior tamanho possível e tapado, para evitar a evaporação da água e a formação de algas. Deve manter a temperatura do depósito entre 16ºC e 24ºC.

PRAGAS.

Insectos e fungos podem introduzir-se nas salas de cultivo, para aí procriarem alimentando-se das plantas. As pragas, os fungos e as doenças podem ser prevenidos, mas se não forem descobertas a tempo podem facilmente dizimar uma plantação em poucas semanas.

A higiene pessoal e do cultivo é essencial para prevenir as pragas. Deve-se lavar as mãos antes de tocar nas plantas do cultivo, principalmente se se esteve em contacto com plantas contaminadas. Não se deve reutilizar a terra, nem trazer terra do exterior para o indoor. A terra nestas condições pode albergar pragas doninhas e fungos que ficaram imunizados contra a vaporização. Deve escolher variedades de sementes com resistência comprovada a insectos e fungos. Em geral as variedades índicas são mais resistentes a insectos e as sativas a fungos. A circulação de ar também é muito importante, porque faz baixar a humidade e afugenta os parasitas, pois estes não gostam de vento. 

De facto, é muito mais fácil prevenir do que erradicar uma infestação. Em geral, os remédios naturais só conseguem erradicar parasitas adultos, uma vez que não é possível eliminar ovos, a aplicação deveria ser continuada três dias seguidos. As substâncias naturais que pode encontrar numa casa de cultivo são óleo de horticultura, sabão de potássio, óleo de neem, bicarbonato de sódio, etc. Outra solução, são os insectos que comem pragas de cultivo. Neste caso, tenha em atenção que se cultivar com iluminação artificial não pode usar insectos com asas, pois estes irão com certeza morrer na lâmpada.

CLONES.

A maioria das plantas podem reproduzir-se sexual ou assexualmente. As sementes são o produto da reprodução sexual, os clones ou estacas são o produto da reprodução assexual. De forma sucinta, fazer um clone ou estaca consiste em cortar a ponta de uma rama em crescimento e plantá-la. É um método simples mas muito produtivo.

Um clone é uma réplica exacta da planta mãe, por isso é necessário escolher bem a mãe. A planta mãe deve ter pelo menos dois anos (e no caso de algumas plantas ser fêmea). Não se deve escolher uma planta mãe em floração, pois os clones obtidos nestas circunstâncias tendem a ser mais débeis, menos potentes e a desenvolver-se com lentidão. 

As vantagens de utilizar clones são muitas. Uma delas é que um clone de um mês procedente de uma planta de seis meses não tem um mês de idade, mas sim seis, a idade da planta mãe. Assim, é necessário menos tempo para que a colheita esteja madura. Pode-se induzir a floração a clones com apenas 10 a 30 cm de altura, pois as plantas pequenas utilizam melhor a luz em cultivos interiores.

1 – Eleja uma planta mãe com pelo menos dois meses de idade e 8 cm de altura. Deve em principio ser a melhor planta que tiver, mais robusta e saudável.
2 – Com um x-acto afiado faça um corte a 45º numa rama forte e saudável de pelo menos 5 cm, corte as folhas a mais deixando apenas o brote da ponta e o par de folhas seguinte. Corte essas folhas maiores a meio com uma tesoura para a planta não desidratar. Coloque o broto em água limpa e morna.
3 – Prepare a terra ou o meio de cultivo inerte onde vai colocar os clones com água suficiente. Faça um furo com um lápis para introduzir o clone.
4 – Coloque a hormona de enraizamento de acordo com as instruções da embalagem. As hormonas de enraizamento provocam uma alteração genética nas células do talo, de forma a estas produzirem células indiferenciadas em lugar de células verdes de talo, e a seguir produzirem células de raiz.
5 – Regue ligeiramente com uma solução de nutrientes suave.
6 – Os clones enraízam mais rapidamente com luz fluorescente durante 18 a 24 horas por dia.
7 – Nos primeiros dias deve esforçar-se por manter a humidade com valores entre os 95 e os 100%, e ir reduzindo gradualmente.
8 – Dentro de pouco tempo estarão enraizados.

QUEM SABE, SABE… E A ALEGRIA TODO O DIA SABE.

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